Viver onde tivesse que ser, a trabalhar no que quer que fosse para enriquecer... Não (só) a nível monetário...
Hoje, como já o fez várias vezes escreveu um texto no facebook que eu li e decidi partilhar aqui:
« Passaram três ano desde que pela primeira vez embarquei na aventura de conhecer outras terras - quando carreguei na minha mala os meus pertences e uma carga de esperança de encontrar as oportunidades para realizar os sonhos que levava. Assim, passaram três anos que cheguei a Londres pela primeira vez.
Como todos os caminhos desconhecidos, não imaginamos as pedras e as dificuldades, senão somente os triunfos e as conquistas. E o que deparamos incialmente são precisamente as etapas difíceis. A ida para uma nova realidade apresenta desafios duros que se têm de ultrapassar até encontrar o caminho certo para chegar ao cume da montanha – ao ponto de vitória. Mas se há outra coisa que se aprende - que não se trata simplesmente de um clichê - é que a alegria não está na vitória, senão no caminho. E por isso, apesar de ter alcançado algumas vitórias, não me satisfiz e não senti o sabor da vitória na sua totalidade.
Depois de viver cerca de um ano em terras inglesas, percebi que o ritmo de vida, o trato das pessoas e o clima não me permitiam sentir realizado e inteiramente satisfeito com o que estava vivendo, e comecei planeando, à distância, uma nova aventura. A aventura de aumentar as fronteiras onde procuraria pela felicidade que não me permitiu Londres. Meio ano depois dos planos brotarem, tentei empacotar novamente os meus pertences e abandonar a terra que algumas coisas me deu, (e que mais que nada) me preparou para conhecer outros ritmos e me capacitar de ser mais forte para as próximas etapas.
Chego à costa sul do nosso encantador pais, e desfruto de um verão incrível na companhia de novas pessoas e experiências, na minha primeira imersão no mundo da hotelaria, onde me foi realçado que o importante é disfrutar da viagem, mesmo quando se tem um plano para outra (mais intensa e grande) viagem.
A temporada termina e recomeça outra, mais livre e com menos limites, e me atiro para a estrada, na companhia de um amigo de longa data, com que planeei a viagem, ainda em Londres, à distância - com a certeza de que tudo que surgiria no caminho era uma incerteza.
Assim, com mochila as costas, um saco de cama e um ukulele, partimos para a descoberta, com um dedo apontado para o céu, na esperança de alguém nos empurrar para mais longe da partida e mais perto do destino, onde nos desafiamos a viver com um orçamento diário muito limitado que nos obrigaria a viver de uma forma que nunca tínhamos antes experimentado e a dependermos das boas (ou más) intenções de quem encontrávamos pelo caminho. Por vezes com fome, outras sem energia, ainda algumas com frio e ocasionalmente dormindo na rua do desconhecido com as estrelas a brilhar sob o tecto destapado, conhecemos pessoas que nos fizeram acreditar que há um mundo bom e melhor para descobrir e que a generosidade das pessoas existe e só há que descobrir onde.
Por entre um orçamento limitado e a necessidade de o recarregar, a primeira paragem tinha que ser feita, e estávamos em Valencia, quando uma oportunidade me trouxe a Barcelona. Aqui, onde esperava ficar como máximo dois ou três meses até recomeçar a vida do asfalto, apaixonei-me por uma cultura nova e um espaço onde essa mesma cultura habitava e chegava de todos os pontos do mundo. Trabalhar num hostel pode ser a melhor e pior experiência que se pode viver, pelas pessoas com quem partilhamos vida e conhecemos (literalmente) mundo e por essas mesmas pessoas que não nos permitem distinguir momentos de lazer com os momentos de trabalho. A ressaca da experiência, é obviamente, extraordinariamente positiva.
Quanto mais vivemos e viajamos, mais entendemos que tudo o que fazemos, nos potencia um caminho para o futuro. E com isto, e pelo facto de ter vivido em Londres, pelo facto de ter aprendido o idioma e por ter conhecido um dos Bares de Brewdog, onde trabalhava (e recomeçarei em breve), entrei numa equipa com alto conhecimento da cena cervejeira artesanal e com quem tive a oportunidade de adquirir bastante formação nesse âmbito. Por nessa altura ser a pessoa que menos me enquadrava na equipa, tive que lutar por ganhar respeito com o meu trabalho. Com o tempo, foi reconhecido o meu valor e recebi recompensas que valeram mais do que qualquer bónus que me poderiam ter oferecido.
Todavia, como me tem vindo a acontecer, não há caminho para mim se não há novos desafios, e senti que extraí tudo o que podia desta cidade, por este momento, e decidi que é tempo de seguir.
Reinicia-se, então, um novo ciclo de mudança. À semelhança de tudo aquilo que me correu bem (e menos bem) em Londres, no Algarve, no sul de Espanha e em Barcelona, espero que Estocolmo me ofereça um mundo novo para conhecer, e que me prepare para num próximo futuro, esteja ainda mais próximo daquilo que quero fazer, daquilo que quero ser, e de ser um melhor ser-humano para contribuir com a felicidade dos que me rodeiam!
Love!»
Cada vez que leio os textos dele penso:"Ele TEM de escrever um livro!" e eu a pensar que seria eu a escrever um livro... Sinto que ele me dá quinze a zero. Acho que nunca conseguirei escrever como ele. E, para mim, este não é um dos seus melhores textos!!!
Quantos corajosos também vocês conhecem?
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