"A Criada Zerlina" foi o 10º livro que li no corrente ano.
Sabem do que falam?
«Na obra de Hermann Broch, Zerlina não é uma jovem camponesa desperta para os impulsos do corpo, mas uma velha criada, distante já da sua matriz instintual, para quem a estratégia erótica se transformou em estratégia discutiva. Mas o corpo e discurso são ambos modos, embora diferentes, de conhecimento e o exercício de Zerlina consiste justamente na laboriosa tradução do conhecimento instintual em conhecimento intelectual.
Entre um e outro, como única mediadora, está a sua linguagem, em cuja rudimentaridade procura a sistematização de valores que assistem à sua conversão de «ser erótico» em «ser ético». Como resíduo desta transformação, emerge o valor axial do seu movimento: a culpa. Não a sua – Zerlina permanece sempre exterior ao mundo que observa e relata – mas a de uma sociedade que a ela se exime, justamente porque aceita assimilar e inscrever corpo e culpa. Sobre elas Zerlina, enquanto «ser ético», passa julgamento e delibera ser guardiã e executora da consequência do sistema de valores que identificou.É a sua exterioridade a esse sistema que a investe da capacidade de ser juiz e seu carrasco. A sua posição, é uma posição extrema, absoluta, como rudimentar e limite é a sua linguagem. Ambas decorrem de um valor maior e primeiro: a intensa transferência das vivências, que na sua intensidade só podem ser inocência.»
É um livro que se lê num instante e foi meu companheiro, logo no dia em que o comprei, quando perdi um transporte por pouquíssimo tempo e depois tive que ficar muito tempo à espera do próximo!
É uma história que é praticamente um monólogo. A tal criada Zerlina, conta quase sem interrupção, a sua história de amor a um interlocutor que apenas aparece como A..
É um livro muito fácil de ler mas, ao mesmo não é nada desinteressante! É engraçado ver como um livro pode ser só constituído por um mónologo com uma história de base simples.
Gostei!
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